Por: Inocêncio Oliveira O interesse pela mamona vem sendo renovado no objetivo estratégico de produzir um "diesel politicamente correto" - eu diria, um "diesel ecológico".
A volta da mamona
Inocêncio Oliveira
Pernambuco volta a apostar na cultura da mamona, que teve o seu auge nos anos 50 e 60 em todo o Estado e na região Nordeste. O governo do Estado, em conjugação com o governo Federal, pretende incentivar, inicialmente, o plantio de 17.000 hectares, aproveitando 34 toneladas de sementes selecionadas.
Naquela época - e entrados os anos 70 - o Estado produziu 58 mil toneladas de bagas/ano.
Tida, antes, como "uma cultura de fundo de quintal", a mamona foi esquecida pelos agricultores, em parte por efeito de sua toxidade na convivência com o criatório de gado bovino nas sub-regiões do Agreste e do Sertão.
Agora, procura-se delimitar o espaço da cultura de modo a não interferir nas áreas reservadas às pastagens e ao "pastoreio do gado". A perspectiva é de que a cultura atinja a produção de 25 mil toneladas de bagas neste ano, quantidade considerada suficiente para atender à demanda de duas plantas industriais de beneficiamento que existem nos municípios de Petrolina e Araripina.
O interesse pela mamona vem sendo renovado no objetivo estratégico de produzir um "diesel politicamente correto" - eu diria, um "diesel ecológico".
O biodiesel já vem sendo utilizado com sucesso em outros países. Na Alemanha, a partir de óleos e gorduras vegetais ou animais, associados a metanol ou etanol.
No Brasil, estudos da empresa Tecbio (Tecnologias Bio-energéticas Ltda) estendem-se ao babaçu e dendê. A expectativa é de que, com o plantio da mamona no Nordeste, seja criado 01 (um) emprego para cada 02 (dois) hectares de cultivo.
No panorama mundial, o mercado mostra-se receptivo, com a retração da produção da China. A ricinocultura poderá vir a ser uma nova fonte de divisas para o país, sem o risco de tornar-se gravosa, pois os concorrentes - Índia, entre outros - não têm as potencialidades do Nordeste brasileiro.
À medida que aumenta o interesse dos agricultores, novas indústrias poderão instalar-se na região, garantindo, também, um mercado local.
O panorama do Nordeste não é só desolação pelas inundações recentes. Nem muitomenos cenário permanente do desespero das secas. No próprio semi-árido, há condições climatológicas para culturas agrícolas permanentes, como a palma e a mamona, que dão sustentabilidade aos agricultores e são fontes de emprego e renda.
DIARIO DE PERNAMBUCO 21/03/2004. |